5.1.09
Perspectiva de Ano Novo
Entrámos em 2009, com baixas expectativas. Mesmo os mais optimistas mostram agora alguma relutância em formular perspectivas animadoras, na economia e no resto, que, afinal, é muito, imenso, deixando-nos sempre campo suficiente para o exercício das nossas aptidões, desejavelmente desencadeadas pela imaginação criadora de que formos capazes.
A Comunicação Social geralmente tola e leviana repete a ladainha dos Economistas e dos Gestores, tão certeiros e fiáveis hoje, como o foram ontem, na proclamação de um mundo virtuoso de negócios sem fim e, deveriam também dizer, de preferência sem lei, para maximizar os seus lucros e os correspondentes êxitos sociais, medidos estes, invariavelmente, pelo volume daqueles.
Expulsa a Ética, ludibriada a Lei, ausentes a Religião ou qualquer outra entidade fornecedora de um quadro de valores, de referências morais claras e coerentes, o mundo dos negócios transforma-se numa selva, onde os mais aptos, espertos, ousados, frios e insaciáveis estabelecem o seu Reino, o seu Eldorado, vastamente admirado por inúmeras cortes estipendiadas para o efeito, que lhes vão permitindo a habitual impunidade.
Veremos se desta mais recente crise financeira especulativa voltam a safar-se os seus responsáveis, esses idolatrados magos da Gestão criativa, dela se retirando algum ensinamento válido para o futuro.
A Economia e a Gestão desligadas da realidade produtiva ao serviço da Comunidade tornam-se uma aberração. Mesmo sem confundir Empresas com Irmandades ou Confrarias, é preciso não perder de vista os fins da actividade económica.
Se a Economia não visar a satisfação das necessidades dos povos, antes privilegiando a multiplicação de numerário, sem a correspondente ligação com a vida real das populações, acabará por se desvirtuar, terminando numa fantasia contabilística, que, por mais habilidosa que se apresente, jamais criará algo de útil ou duradouro.
Muitas destas reflexões têm sido feitas nos últimos meses, por variados comentadores de diferentes orientações ideológicas, com predomínio óbvio das ditas de esquerda, radicais ou de extrema-esquerda, subitamente reanimados com o descalabro das teses do neo-liberalismo económico e financeiro, como se este legitimasse a posteriori o grande malogro do Comunismo, o maior embuste doutrinário de todas as utopias dos dois últimos séculos.
Numa altura em que muito se fala da formação de um novo partido político, regressam com despudorada ousadia os velhos mitos esquerdistas encarnados, por vezes, em mentes jovens, generosas, por hipótese, mas sumamente ingénuas e erradas na sua concepção das novas realidades políticas, económicas e sociais.
É verdade que o ambiente está maduro para o aparecimento de outras forças políticas, após a decepção gerada pelos dois partidos do centro político português – PS e PSD – que há cerca de trinta anos se alternam no Poder, iludindo alternativas, numa continuidade promíscua, geradora de clientelismos parasitas, pasto da incompetência e da corrupção da maioria dos seus líderes e quadros partidários.
Quando iniciei estas lides, a meio do ano de 2004, já me batia pela necessidade de se forjar uma alternativa política, no seio da área da Social-Democracia, que abarcasse eleitores e militantes daqueles dois partidos moderados, dada a sua descaracterização ideológica evidente, primeiro do PSD e depois do PS, como o «fenómeno socrático» se encarregou de demonstrar em pleno, se dúvidas restassem.
Vejo, no entanto, que as iniciativas ultimamente esboçadas nesse sentido se encaminham mais para a criação de um partido ou movimento radical do que para uma formação moderada, doutrinariamente sensata, capaz de incorporar os ensinamentos colhidos nas experiências políticas passadas, congraçando as conquistas sociais das sociedades europeias, dos trinta anos gloriosos do pós-Guerra, com a eficiência produtiva do Capitalismo, sistema económico, convém relembrar, que não colhe comparação com nenhum outro que a História até ao momento tenha revelado.
Se estas tendências radicais prevalecerem, uma parte do Partido Socialista, descontente e envergonhada com a política de Sócrates, aliar-se-á a um agrupamento radical, espaventoso e algo exótico, como o Bloco de Esquerda, onde impera um certo folclore ideológico, que o faz apoiar causas ditas fracturantes, de alcance minoritário na sociedade portuguesa, como o relativismo ético, o anti-americanismo exacerbado, até aqui disfarçado de anti-Bush, o pró-palestinianismo ou o anti-israelismo sem critério, o Castrismo, com Fidel ou com Raul, mas sempre sem Democracia, etc., etc.
Com esta composição, incluindo ou não pontuais alianças com os Comunistas, nada de bom se pode augurar, mesmo se lá figurarem pessoas inteligentes, bem intencionadas, competentes e sérias, que naturalmente sempre as haverá em qualquer formação política.
O centro político moderado continuará assim mal representado, acentuando o desinteresse de vastas camadas sociais pelo fenómeno político, cada vez mais descontentes com a actual governação socrática e com a falta de alternativa para a sua substituição.
Como se percebe, Sócrates e seus acólitos apostam neste possível enquadramento, que inequivocamente lhes preserva o espaço de manobra, apenas com o risco de perda de nova maioria absoluta.
Entretanto, todo o ambiente permanecerá inquinado: desde o Governo, ao Parlamento, a todas as Direcções-Gerais da Administração Pública aos Institutos a estas associados, aos órgãos reguladores da actividade económica, social e cultural : Banco de Portugal, Energia, Combustíveis, Telecomunicações, Concorrência Económica, Saúde, Comunicação Social, com o controlo da RDP, da RTP e um largo número de órgãos de imprensa, um interminável tecido de interesses sustentado por activa máquina de propaganda continuará a submeter o País à influência de uma dada família política, conhecida pela sua larga ausência de escrúpulos, no que se refere ao exercício do Poder.
Para contrariar este anómalo estado de coisas é absolutamente necessário forjar uma verdadeira alternativa política. Todavia, não pode ser o actual Presidente da República a fazer esse papel, ainda que lhe caiba a importante missão de conter os devaneios e os excessos socráticos, exercendo uma apertada vigilância nos actos do Governo, exigindo o cumprimento da normas constitucionais, as quais, na verdade, jurou defender, cumprir e fazer cumprir.
Veremos se a chamada sociedade civil conseguirá sair da presente letargia, que tanta desmotivação vai produzindo, tanto fatalismo, conformismo e, por fim, geral submissão, afogando as esperanças de todos numa regeneração política, sempre evocada, mas constantemente adiada.
Ânimo, pois, para todos os Portugueses de são juízo e de firme carácter, neste ano de 2009, que, nem por se apresentar tão pouco auspicioso, deve ser tomado sem esperança, antes mais uma razão ele nos dá para suscitar a imaginação, a aplicação no trabalho e a vontade de enfrentar e vencer as dificuldades que se avizinham.
Basta lembrar que atrás do tempo, tempo vem.
No fundo, se este vai ser um ano difícil, sempre poderemos perguntar para quem foi fácil o ano que findou, excluindo obviamente a consabida casta financeira que bem democraticamente se tem regalado com a desregulação económica, até há pouco erigida em condição suprema da competitividade das Empresas, no mundo inteiro ?
A Comunicação Social geralmente tola e leviana repete a ladainha dos Economistas e dos Gestores, tão certeiros e fiáveis hoje, como o foram ontem, na proclamação de um mundo virtuoso de negócios sem fim e, deveriam também dizer, de preferência sem lei, para maximizar os seus lucros e os correspondentes êxitos sociais, medidos estes, invariavelmente, pelo volume daqueles.
Expulsa a Ética, ludibriada a Lei, ausentes a Religião ou qualquer outra entidade fornecedora de um quadro de valores, de referências morais claras e coerentes, o mundo dos negócios transforma-se numa selva, onde os mais aptos, espertos, ousados, frios e insaciáveis estabelecem o seu Reino, o seu Eldorado, vastamente admirado por inúmeras cortes estipendiadas para o efeito, que lhes vão permitindo a habitual impunidade.
Veremos se desta mais recente crise financeira especulativa voltam a safar-se os seus responsáveis, esses idolatrados magos da Gestão criativa, dela se retirando algum ensinamento válido para o futuro.
A Economia e a Gestão desligadas da realidade produtiva ao serviço da Comunidade tornam-se uma aberração. Mesmo sem confundir Empresas com Irmandades ou Confrarias, é preciso não perder de vista os fins da actividade económica.
Se a Economia não visar a satisfação das necessidades dos povos, antes privilegiando a multiplicação de numerário, sem a correspondente ligação com a vida real das populações, acabará por se desvirtuar, terminando numa fantasia contabilística, que, por mais habilidosa que se apresente, jamais criará algo de útil ou duradouro.
Muitas destas reflexões têm sido feitas nos últimos meses, por variados comentadores de diferentes orientações ideológicas, com predomínio óbvio das ditas de esquerda, radicais ou de extrema-esquerda, subitamente reanimados com o descalabro das teses do neo-liberalismo económico e financeiro, como se este legitimasse a posteriori o grande malogro do Comunismo, o maior embuste doutrinário de todas as utopias dos dois últimos séculos.
Numa altura em que muito se fala da formação de um novo partido político, regressam com despudorada ousadia os velhos mitos esquerdistas encarnados, por vezes, em mentes jovens, generosas, por hipótese, mas sumamente ingénuas e erradas na sua concepção das novas realidades políticas, económicas e sociais.
É verdade que o ambiente está maduro para o aparecimento de outras forças políticas, após a decepção gerada pelos dois partidos do centro político português – PS e PSD – que há cerca de trinta anos se alternam no Poder, iludindo alternativas, numa continuidade promíscua, geradora de clientelismos parasitas, pasto da incompetência e da corrupção da maioria dos seus líderes e quadros partidários.
Quando iniciei estas lides, a meio do ano de 2004, já me batia pela necessidade de se forjar uma alternativa política, no seio da área da Social-Democracia, que abarcasse eleitores e militantes daqueles dois partidos moderados, dada a sua descaracterização ideológica evidente, primeiro do PSD e depois do PS, como o «fenómeno socrático» se encarregou de demonstrar em pleno, se dúvidas restassem.
Vejo, no entanto, que as iniciativas ultimamente esboçadas nesse sentido se encaminham mais para a criação de um partido ou movimento radical do que para uma formação moderada, doutrinariamente sensata, capaz de incorporar os ensinamentos colhidos nas experiências políticas passadas, congraçando as conquistas sociais das sociedades europeias, dos trinta anos gloriosos do pós-Guerra, com a eficiência produtiva do Capitalismo, sistema económico, convém relembrar, que não colhe comparação com nenhum outro que a História até ao momento tenha revelado.
Se estas tendências radicais prevalecerem, uma parte do Partido Socialista, descontente e envergonhada com a política de Sócrates, aliar-se-á a um agrupamento radical, espaventoso e algo exótico, como o Bloco de Esquerda, onde impera um certo folclore ideológico, que o faz apoiar causas ditas fracturantes, de alcance minoritário na sociedade portuguesa, como o relativismo ético, o anti-americanismo exacerbado, até aqui disfarçado de anti-Bush, o pró-palestinianismo ou o anti-israelismo sem critério, o Castrismo, com Fidel ou com Raul, mas sempre sem Democracia, etc., etc.
Com esta composição, incluindo ou não pontuais alianças com os Comunistas, nada de bom se pode augurar, mesmo se lá figurarem pessoas inteligentes, bem intencionadas, competentes e sérias, que naturalmente sempre as haverá em qualquer formação política.
O centro político moderado continuará assim mal representado, acentuando o desinteresse de vastas camadas sociais pelo fenómeno político, cada vez mais descontentes com a actual governação socrática e com a falta de alternativa para a sua substituição.
Como se percebe, Sócrates e seus acólitos apostam neste possível enquadramento, que inequivocamente lhes preserva o espaço de manobra, apenas com o risco de perda de nova maioria absoluta.
Entretanto, todo o ambiente permanecerá inquinado: desde o Governo, ao Parlamento, a todas as Direcções-Gerais da Administração Pública aos Institutos a estas associados, aos órgãos reguladores da actividade económica, social e cultural : Banco de Portugal, Energia, Combustíveis, Telecomunicações, Concorrência Económica, Saúde, Comunicação Social, com o controlo da RDP, da RTP e um largo número de órgãos de imprensa, um interminável tecido de interesses sustentado por activa máquina de propaganda continuará a submeter o País à influência de uma dada família política, conhecida pela sua larga ausência de escrúpulos, no que se refere ao exercício do Poder.
Para contrariar este anómalo estado de coisas é absolutamente necessário forjar uma verdadeira alternativa política. Todavia, não pode ser o actual Presidente da República a fazer esse papel, ainda que lhe caiba a importante missão de conter os devaneios e os excessos socráticos, exercendo uma apertada vigilância nos actos do Governo, exigindo o cumprimento da normas constitucionais, as quais, na verdade, jurou defender, cumprir e fazer cumprir.
Veremos se a chamada sociedade civil conseguirá sair da presente letargia, que tanta desmotivação vai produzindo, tanto fatalismo, conformismo e, por fim, geral submissão, afogando as esperanças de todos numa regeneração política, sempre evocada, mas constantemente adiada.
Ânimo, pois, para todos os Portugueses de são juízo e de firme carácter, neste ano de 2009, que, nem por se apresentar tão pouco auspicioso, deve ser tomado sem esperança, antes mais uma razão ele nos dá para suscitar a imaginação, a aplicação no trabalho e a vontade de enfrentar e vencer as dificuldades que se avizinham.
Basta lembrar que atrás do tempo, tempo vem.
No fundo, se este vai ser um ano difícil, sempre poderemos perguntar para quem foi fácil o ano que findou, excluindo obviamente a consabida casta financeira que bem democraticamente se tem regalado com a desregulação económica, até há pouco erigida em condição suprema da competitividade das Empresas, no mundo inteiro ?
Aguardam-se opiniões e, sobretudo, acções.
AV_Lisboa, 04 de Janeiro de 2009
Comments:
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Caro António Viriato
Sou um bébé na blogosfera, com vulnerabilidades várias, admito. Mas vou crescer, porque é isso que quero. E nesse sentido vou agindo. Se cada um agir com o melhor de si próprio já é um bom começo para o ano de 2009. Faço votos para que cada empresa, a comunicação social, a política, a sociedade civil, etc. dêem também o melhor de si pois seria meio caminho andado para a melhoria global. Não lhe parece? Temos de ter utopias, não é...?
Feliz Ano, com muita prosa.
Zina
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Sou um bébé na blogosfera, com vulnerabilidades várias, admito. Mas vou crescer, porque é isso que quero. E nesse sentido vou agindo. Se cada um agir com o melhor de si próprio já é um bom começo para o ano de 2009. Faço votos para que cada empresa, a comunicação social, a política, a sociedade civil, etc. dêem também o melhor de si pois seria meio caminho andado para a melhoria global. Não lhe parece? Temos de ter utopias, não é...?
Feliz Ano, com muita prosa.
Zina
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